A História de Uma Serva

 Sabem aqueles livros que vos tocam ? Que vos fazem sentir o estômago as voltas? Que vos chegam mesmo a tirar o chão? Para mim a leitura do livro A Historia de uma serva foi assim. 


SINOPSE

Uma visão marcante da nossa sociedade radicalmente transformada por uma revolução teocrática. A História de Uma Serva tornou-se um dos livros mais influentes e mais lidos do nosso tempo.

Extremistas religiosos de direita derrubaram o governo norte-americano e queimaram a Constituição. A América é agora Gileade, um estado policial e fundamentalista onde as mulheres férteis, conhecidas como Servas, são obrigadas a conceber filhos para a elite estéril.

Defred é uma Serva na República de Gileade e acaba de ser transferida para a casa do enigmático Comandante e da sua ciumenta mulher. Pode ir uma vez por dia aos mercados, cujas tabuletas agora são imagens, porque as mulheres estão proibidas de ler. Tem de rezar para que o Comandante a engravide, já que, numa época de grande decréscimo do número de nascimentos, o valor de Defred reside na sua fertilidade, e o fracasso significa o exílio nas Colónias, perigosamente poluídas. Defred lembra-se de um tempo em que vivia com o marido e a filha e tinha um emprego, antes de perder tudo, incluindo o nome. Essas memórias misturam-se agora com ideias perigosas de rebelião e amor.

Já imaginaram se de um momento para o outro a vossa vida mudasse completamente? Se do nada perdessem o direito a ter uma vida, um trabalho, um relacionamento amoroso, uma família, uma religião em que acreditassem... Se todos os vossos direitos desaparecessem? Ja imaginaram deixarem de poder ler ou escrever? Eu imaginem inúmeras vezes enquanto lia este livro, e posso dizer-vos, doeu.

Doeu pensar que do nada o meu corpo já não era meu. Que era uma serva, sempre pronta a servir. Imaginar o meu corpo a ser transformado numa incubadora humana. Imaginar o que seria gerar um filho,  nunca poder chama-lo de meu. Deixar de ler? Deixar de escrever? Deixar de ter opinião? Isso era tirar-me o chão. Era retirarem-me o ar. 

Este livro deu-me imensos socos. Fez-me pensar nas pessoas que tem os seus direitos retirados. Que são servos e servas de senhores e senhoras que se consideram superiores. Fez-me pensar nas pessoas que não tem liberdade religiosa, e são mortas apenas por cultuarem um Deus diferente. Fez-me pensar na imensa quantidade de pessoas que continua a ser rebaixado pela sua orientação sexual, que continua a ser posto de parte e excluido da comunidade apenas por não amar o que a sociedade decidiu chamar de normativo. O que é normativo no amor? O que é normativo de todo?  

Pensei nas mulheres, sem direito ao voto, à liberdade, sem direitos de todo. Pensei na quantidade absurda de pessoas que são brutalmente violadas, abusadas, mal-tratadas. Quando é que isto vai acabar? Será preciso chegar-mos ao ponto deste livro para mudar-mos o que está errado?

Cada pagina deste livro é um grito.

Cada pagina deste livro devia ser obrigatória. 

Leiam, chorem, gritem, cresçam. Porque se ha livros que nos fazem evoluir, este é sem duvida um deles. Vai doer, mas no fim vai valer a pena. 

Comentários