Derrubar o Duque

 Evie Dunmore começou a escrever inspirada pelo cenário mágico de Oxford e pela sua paixão pelo romance, as mulheres pioneiras e tudo o que é vitoriano. Vive em Berlim e o seu fascínio pelo século XIX britânico é a fonte de inspiração da sua escrita. É considerada a sucessora de Madeline Hunter, uma das autoras favoritas da publicação Romantic Times e vencedora de diversos prémios. 

Derrubar o Duque foi o primeiro livro da autora que eu li, e fiquei rendida. Por diversas razões. 

É um livro que nos fala da luta sufragista, do movimento feminista, da luta pela independência e liberdade. Numa América muito fechada e machista, Annabelle Archer é o retrato das imensas mulheres que lutaram por tudo o que damos hoje como garantido. É o retrato das mulheres que foram mal tratadas, desprezadas e excomungadas, apenas por terem voz, por quererem estudar e por não deixarem nunca de fazer questões. O caminho pelo direito ao voto foi longo, foi penoso e foi feito as custas do sofrimento de milhares de mulheres. Mas se hoje podemos estudar, se hoje podemos publicar livros em nome próprio, se hoje podemos ter opinião, a estas mulheres o devemos. 

Em Inglaterra, em pleno ano de 1879, sufragistas lutam pelo direto ao voto, lutando pela alteração da Lei da Propriedade das Mulheres casadas. Numa altura em que mulheres não podiam ter opinião, em que estudos eram coisa de homem, temos Annabelle Archer. Uma jovem pobre, mas bastante inteligente, que é uma das primeiras estudantes femininas da Universidade de Oxford.

A juntar a esta brilhante mulher temos o duque de Montgomery, um homem poderoso, que deseja sobretudo recuperar todo o património que o pai perdeu. Esta disposto a tudo, inclusive fazer um partido com o qual não concorda ganhar eleições. É um homem considerado frio, presunçoso e sem  pinga de sentimentos. 

Contudo quando estes dois se cruzam tudo parece começar a mudar. Logo no primeiro encontro, ninguém percebe se Annabelle é corajosa ou simplesmente é doida (leiam para entenderem). A seguir a este primeiro confronto os seus caminhos vão se cruzando e embaralhando , alem, de como é obvio, os seus sentimentos. 

Ao longo do livro sentia constantemente que ambos estavam a ver uma balança. Ela colocava de um lado os seus ideais e propósitos, e do outro, os seus sentimentos e sensações. A todo o momento ela questionava até onde quero ir por amor? Até onde quero ir com a minha causa? Ele, por outro lado, pendia entre esse mesmo amor, e a sua missão, o seu desejo de recuperar o nome e o império da família. Estaria disposto a abdicar de tudo o que sempre achou ser o seu propósito de vida? Eu não sei se vocês querem saber a resposta, mas digo-vos uma coisa: Este amor é ardente, é sedutor, é arrebatador. Estão prontos para se apaixonarem vocês também?

Há uma altura do livro que Annabelle diz que o pai a devia ter feito ler outras coisas. E nesta frase esta espelhado o poder dos livros. Os livros que ela leu, definiram as suas causas, os seus valores, o seu propósito. Ela não se calou num mundo de homens, porque começou muito cedo a ler sobre o poder de ser mulher. 


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